Maus - uma visão realista

Li Maus, do Art Spiegelman estes dias... e não podia deixar de postar algo sobre este excelente história!
O que mais gostei, sinceramente, foi a maneira como a história foi abordada. Nada de mostrar os Judeus como os bonzinhos, sempre lutando pelo bem, como Paladinos da bondade.
Eles são mostrados como seres humanos, capazes de atos nobres, e atos vis também.
É mostrado como era feito o controle da vida deles, e que parte da comunidade judaica ajudava a fazer este controle. Por interesse próprio, má percepção do que estava acontecendo ou sei lá que motivos mais pode uma pessoa ter para ajudar a controlar seus iguais. Talvez até uma vontade de realmente ajudar, fazendo o que fosse possível para diminuir o sofrimento.
Ver a brigas e traições ocorrendo, os métodos que podem ser considerados sujos, mas que provavelmente eram os únicos que garantiriam a sobrevivência naquele mundo, ver o quanto se gasta, o quanto uma pessoa pode se humilhar para tentar sobreviver. Apenas sobreviver. As brigas por um pedaço de pão, ou uma sopa que tenha uns pedaços a mais de nabo que a do outro.
Não, a história não se passa apenas em campos de concentração. Começa bem antes.
E mostra como o pai do Spiegelman não era lá o modelo de pessoa, apesar de não ser também uma pessoa má. Era apenas uma pessoa que vivia como a maioria das pessoas vivem. Naquela época ou hoje em dia.

E a outra parte interessane, tocante e ao mesmo tempo revoltante, é ver a relação dos dois, pai e filho. Ver como a família e o cuidado com os mais velhos é algo que pode nos preocupar, mas por favor, tem mesmo que dar tanto trabalho?? Porque eles vivem pedindo tanta atenção?
Parece que quanto menor as famílias, menor este laço e este fato são considerados naturais, passando a serem considerados obrigações ou mesmo algo que só atrapalha.

Recomendo que leiam. Por todos os motivos acima, ou então pelo simples prazer de ler, de ler uma obra em quadrinho tão boa