A minha cura da hanseníase

Há algum tempo, li que os médicos enfrentavam problemas durante o processo de cura da hanseníase, pois os pacientes, a certa altura do tratamento, paravam de tomar os remédios indicados se queixando de estar sentindo dores nos locais afetados pela doença.
E de que médicos e enfermeiras tinham muito trabalho pra convencer os pacientes a continuarem o tratamento, e que aquele sinal era bom. Quem começar a sentir dor era bom. Porque a Hanseníase se caracteriza pela perda total da sensibilidade da pele. E se o paciente está começando a sentir dor, é um sinal de que a sensibilidade está voltando, e que o organismo está se reeducando para perceber cada um dos sinais nas partes afetadas.
Agora vocês se perguntam: peraí, além de diabetes, ela tem hanseníase?
Não, não tenho, não tive nem pretendo ter hanseníase. Não a física.
Mas por considero que por muito tempo tive “hanseníase emocional”.
Me fechei a ponto de parar de sentir muita cosa. A ponto de não saber mais nem como lidar com elas.
A pouco tempo, comecei o processo de cura disso.
E mais recentemente, passei por sentimentos que tive dificuldade pra entender e lidar, e acabei passando por um processo de dolorido.
Percebi que estava acontecendo comigo o que acontece com os pacientes de hanseníase, e tentei não me fechar novamente, parando com o tratamento.
Preciso muito, agradecer a pessoa que me fez sentir isso recentemente, pois apesar de tudo, ele me fez um grande bem, e vou ser eternamente grata por isso.
E vou continuar neste caminho, tentando reaprender a sentir e a lidar com isso.
Como os pacientes de haseníase tem que fazer um dia.