Idéias Mal Cozidas

Comentários pertinentes e impertinentes, resenhas e até aquilo q vc não quer saber antes de ler um livro ou filme, se me der vontade! E outras coisitas mais que possam aparecer...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Alexandre - grande filme!!

Pq tem gente que não gostou desse filme? Porquê???
Tudo bem que o Val Kilmer tá feio nele. Mas criticar até o Vangelis é demais!!

Nossa, falaram tanto da questão do homosexualismo, ou bisexualidade de Alexandre, que não repararam na grandiosidade de seus feitos?
É disso que o filme trata, desde o começo Ptolomeu (Anthony Hopkins) fala de como ele era ambicioso, de como poderia ser comparado a um mito.
Abstraiam as cenas amorosas entre ele e Hefestion (que diga-se de passagem, são ótimas, mas a maior parte dos ocidentais acham aquelas cenas escandalosas!! Basta imaginar que é uma cena entre um homem e uma mulher e vcs verão a beleza delas....)
Reparem em como ele instiga seus soldados no momento da Batalhas (impossível não lembrar de Théoden em O Retorno do Rei...heheeh.. ou ficar esperando o Legolas aparecer na batalha com elefantes..), como faz questão de enfatizar que são importantes, que se lembra de seus nomes e origem..
Vejam a devoção e sentimento de amizade que une os generais em torno de sua liderança, a ponto de uma traição ser considerada um duro golpe, e não apenas algo a se esperar em círculos de poder.

Como erro histórico, creio que apenas o fato de a mãe de Dario, assim como suas esposas e filhas, estarem próximas a Gaugamela, foram abandonadas por ele lá, não em algum palácio na Babilônia.Até onde sei, foi a mãe de Dario, e não a filha, que suplicou pela vida das netas e noras. E ela realmente confundiu Hefestion com Alexandre. Talvez pelo fato do general ser mais alto que o rei.
Tenho a impressão de que Bucéfalo não morreu numa batalha, mas não tenho certeza

Batalhas:
Parece que após a Batalha nos Campos de Pellenor, em O Retorno do Rei, as batalhas tradicionais perderam a glória.
Se esperarmos isso no filme, podemos nos decepcionar, pq as batalhas estão mais para o que pode ter acontecido de verdade: poeira atrapalhando a visão, gente saindo toda coberta de sangue, um flanco levando a pior enquanto o outro acha que está tudo indo bem....tudo o que pode acontecer em batalhas com lanças, espadas, flechas voando, bigas e cavalaria atacando..
E é claro, batalhas em florestas tropicais não são algo que europeus estejam acostumados.. ainda mais com macacos e elefantes

Helenização:
Sim, ela ocorreu, e mesmo tendo opositores entre chefes gregos e macedônios, acabou se tornando umas das maiores contribuições de Alexandre para a posteridade.
Agora, se ele pretendia fazer uma fusão entre as culturas helênicas ou bárbaras, ou se queria "civilizar" os bárbaros, ensinando-os o modo de vida grego, é uma questão controversa.
No filme ele parece admirar outras culturas, mas isso pode ser apenas ficção, já que não fica bem ao herói de um filme ser racista....
Mas que na prática, umas das consequências da helenização foi o fato da cultura grega ganhar status de "cultura superior", é inquestionável. Até hoje ela é assim considerada.

Personagens:
Heféstion: amigo inseparável de Alexandre, um grande general, e talvez fosse seu sucessor, se não tivesse morrido pouco tempo antes
Bagoas: Sim, aquele eunuco que aparece no harém de Dario existiu, fazia parte do harém de Dario, se tornou serviçal e amante de Alexandre. Foi levado para o Egito por Ptolomeu, onde provavelmente se tornou uma das mais ricas fontes de informações sobre Alexandre para os historiadores da época.
Felipe II: Sem ele, Alexandre talvez não tivesse ido tão longe. Era um genio militar. Organizou o exército macedônio, além de ter criado a Falange Macedônica (parte da infantaria: os primeiros 6 soldados mantinham suas lanças – de 6 m de comprimento - inclinadas de tal forma que os de trás também pudessem usar as suas, que avançavam cerca de um metro da primeira fila, tornando-a uma verdadeira muralha)
Bucéfalo: O fato de Alexandre ter domado este cavalo com apenas 13 anos, é algo que ressalta o "mito Alexandre".
Roxane: Seu casamento com Alexandre trouxe tranquilidade em relação às fronteiras na Bactriana. Mas não tenho certeza se ela foi declarada rainha. Esposa com certeza, mas rainha é algo duvidoso.

Bom, acho que talvez tenha me empolgado um pouco com o filme... rs
mas deu pra vcs perceberem que gostei dele, não?


quinta-feira, janeiro 06, 2005

A arte de fazer pães diferentes... ou o uso original de clichês...

Vamos lá (já que pus um título destes no post, é bom ir logo ao tema, antes que eu esqueça o que ia postar..)

Ontem assisti Os Incríveis pela segunda vez.
O que reforçou a idéia de que esta animação é basicamente um monte de clichês, lugares comuns e referências a filmes e HQs.
E também mantive a opinião de que é um ótimo filme!

Ainda mais que vi um paralelo entre ele e as obras de Tolkien.
Talvez devido a uma discussão na lista da Toca/SP, sobre o fato de existirem na obra do professor referencias a outras mitologias, elementos culturais presentes em toda europa, etc...

O que isso tem a ver com uma animação cujos personagens principais são uma família de super-heróis?
Tudo!
Afinal, como está na Bíblia: Não há nada de novo sob o sol...
E não há mesmo!
Mas é preciso haver?
Afinal, o pão francês, o ciabata e o italiano são feitos com os mesmos ingredientes, e são enormemente diferentes entre si, tem paladar, textura e até usos variados!

Combinar todos os clichês do gênero super-herói de uma maneira brilhante, a ponto de se tornar uma animação que tem tudo pra virar referência é algo que conseguiram fazer em Os Incríveis!

Quanto a Tolkien nem é preciso falar (se alguém quiser, eu até falo.. hehehehe)

Fico por aqui, antes que começe a desenvolver uma tese neste post..


terça-feira, janeiro 04, 2005

Carta ao Professor

Recebi esta carta hoje, nas lista da Toca/SP do Conselho Branco... é uma das coisas mais emocionantes que já li sobre a obra do professor... e retrata muito do que penso e sinto..

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Professor Tolkien:
Passa da meia noite... Então, no dia de seu aniversário. ponho-me a escrever-lhe, coisas que há tanto tempo mereciam estar registradas.
Não li toda a sua obra. Estou apenas no começo, apesar de meu primeiro contato com um livro seu ter sido já há três anos. É que entre tantas coisas consideradas mais sérias pelo mundo, nem sempre tenho o tempo que gostaria de ter para ler-te. Aliás, acumulam-se as pilhas de livros sem leitura, cada vez maiores, em minha escrivaninha. O poder de tua arte teve um duplo efeito sobre mim: Conhecer teu mundo secundário, tuas idéias, e teu modo de torná-lo habitável enriquece minha compreensão de outros mundos secundários e primários, e me torna mais humana. Aprendo e me purifico através dos mitos que escreveste, a cada dia. Há muitos elementos que eu ainda não entendo, mas sinto e interpreto. Como queria saber se você os sentia como eu sinto! É quando penso nessas coisas que descubro como tenho coisas a descobrir em suas obras. E como tenho coisas a descobrir no mundo, que é tão grande!
O segundo efeito foi ter conquistado, através de sua obra, a amizade de muitas pessoas que hoje são muito importantes para mim. Quando comecei a ler as obras de teu legendariun (primeiro O Hobbit, depois o Silmarillion e O Senhor dos Anéis), o fiz pegando os exemplares emprestados com um colega de sala, que foi se tornando, a cada obra, mais próximo de mim. No primeiro semestre de 2002 o conheci, e já nas férias de meio-de-ano ele ligava para a minha casa a me contar o Silmarillion, já que ficamos sem nos ver e ele sabia que aquele seria um dos livros de minha vida. Já devo estar na quarta leitura do Quenta, a essa altura, apesar de ter lido apenas uma ou duas vezes as partes sobre a segunda e a terceira era. Hoje, ele é o amigo mais íntimo que tenho por perto, com quem compartilho alegrias, sonhos, anseios e besteiras.
Mas esta não foi a única amizade que conquistei por intermédio de tua obra, Professor!
Há exatamente um ano fui, pela primeira vez, numa reunião na sede paulistana no Conselho Branco. Hoje, faz parte da minha vida passar dias inteiros com meus amigos tolkendili. É bom estar na comunidade que formamos, onde temos novas filiações, atribuições diferentes das da vida cotidiana, e onde todos, mesmo que de forma distante, são parentes entre si. Eu amo estar com eles, e me sinto muito bem. Também por isso te agradeço. Há mais coisas que queria te contar, Professor, mas se escrevo tudo de uma vez, tardarei a encerrar esta carta. E quero mandá-la, antes que o sono me torne covarde.
Te agradeço sinceramente por tudo, e espero que se alegre com a minha carta, onde quer que esteja agora
Abraços
Virgínia "Lórien" Rezende Montesino
03-01-05 - 00:29